segunda-feira, 29 de julho de 2013

RESENHA DE SILENCE YOURSELF, DISCO DE ESTREIA DA BANDA SAVAGES

Por Marcello Zalivi

Desconfio quando as críticas a um trabalho são muito efusivas. Não é que eu seja um expert, mas todo esse estardalhaço sempre me levou a crer em “ondas” muito bem arquitetadas para lançar a carreira de muitos grupos no cenário indie.

Não me pareceu ser o caso de Silence Yourself do Savages. O álbum das londrinas é de uma competência surpreendente para um trabalho de estreia cercado de tantas expectativas, ainda mais para uma banda formada exclusivamente por mulheres. Digo isso não pelo velho preconceito “meninas não sabem fazer rock”, no melhor estilo “homens brancos não sabem enterrar”, mas em função das sombras imensas e as comparações tortuosas pelo caminho que as garotas tendem a percorrer. Algumas se enveredam na trilha do saudoso L7, outras morrem na seara de Siouxie & The Banshees, algumas persistem ao melhor estilo The Breeders.

O Savages consegue equilibrar essa equação, bebendo em doses nem sempre moderadas de Joy Division e da obscura cena do rock Inglês do final da década de 70. O Pós-Punk moderninho é a ordem que rege o som das garotas. A cozinha rítmica de Ayse Hassan (baixo) e Fay Milton (bateria) remete demasiadamente ao som do Joy, enquanto a guitarra noise rock de Gemma Thompson soa muitas vezes como um Sonic Youth mais contido (e bem tocado). Tudo encaixa perfeitamente: vocal, postura, cabelos, letras e melodias com temas depressivos e cotidianos de Jehnny Beth, uma espécie de Ian Curtis de saia.
Mesmo que em determinado momento falte um pouco de novo em seu som, elas compensam nas boas referências evocadas em suas músicas. Então, dou boas-vindas ao Savages e sentencio o Silence Yourself como uma das mais gratas surpresas do ano. Se o próximo trabalho da trupe for capaz de fornecer ótimas canções como Shut Up, I Am Here e She Will, as garotas tendem a virar influência e crescer o suficiente ao ponto de criar uma sombra bem robusta.

Essa árvore vai crescer.

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