terça-feira, 16 de abril de 2013

Resenha: "Órfãos de pais vivos" da banda CEBNA



Por Marcello Zalivi

A voz potente, as guitarras pontuais contrapondo peso e doçura, embalados por uma cozinha muito bem azeitada.  O Cebna é a prova de que a música não pode ser medida por rótulos, mas pela qualidade e força de suas canções. 

Confesso que não sabia o que me esperava quando propus o desafio de escrever uma resenha sobre o álbum “Órfãos de pais vivos” da banda Cebna. Não havia ainda me enveredado pelo cenário “cristão” do rock. Deixava por vários momentos me levar por (pré) conceitos que este estilo musical costuma pregar. Mas depois de assistir a alguns shows do Cebna, percebi que os rótulos haviam sidos derrubados a marretadas sonoras. Como muros jazidos ao chão, me permiti separar um tempo da minha vida para escutar o disco e percebi que “Órfãos de pais vivos” era na verdade um convite para o pensamento, uma mensagem poderosa e um instrumento capaz de despertar um sentimento de paz muitas vezes aprisionado.

Poucas bandas conseguem transportar para o CD a mesma energia de seus shows. Talvez por isso o álbum comece com uma letra instigante e um refrão poderoso e alto astral em Super Poderoso Deus.  Para depois cair na cadencia calculada entre peso e a mensagem papo reto de Resistência.

Em Misericórdia, somos tomados por uma inexplicável vontade de voar nos arranjos. Não preciso lembrar que a religião nunca foi o meu forte, mas é impossível não se contagiar com essa melodia. Esta canção se encaixaria em qualquer programação FM, tudo faz sentido, desde o vocal rasgado de Matheus Fraga, a cozinha extremamente alinhada e um arranjo de guitarra simples e contagiante.

Em Armandinho a mensagem é o grande poder da canção, quem nunca ouviu ou presenciou histórias de muitos Armandinhos, que tem tudo na vida, menos o que mais importa, que é o carinho e orientações dos pais. Esses são os verdadeiros órfãos de pais vivos, o ritmo propositalmente arrastado reforça ainda mais a letra.

É impossível ficar parado diante do swing de Órfãos de pais vivos, canção que da nome ao disco. O tom desta música pode parecer bem messiânico, mas as pernas não param (veja o clipe abaixo).

Depois do almoço é uma balada irresistível, uma das melodias mais doces e potentes que escutei há algum tempo no cenário independente. É sem dúvida a letra mais inspirada do álbum. Destaque para a voz de Hugo Alves, aos backing vocals e a um irresistível sentimento de nostalgia.

Em Mais que vencedores o começo da faixa foi a que menos despertou interesse. Mas apesar de não impactar, o conjunto da obra cumpriu com competência o papel de conferir unidade ao disco. O meu destaque para esta musica vai para o final, com um instrumental tão inspirador como o nome da canção. 

Pense em uma balada com arranjo poderoso. Escutei Andar na fé e fiquei pensando se as palavras Jesus e Deus fossem substituídas por um nome de mulher, seria uma canção certa em qualquer roda de violão e tema para casais apaixonados. Não é que ele não possa cumprir com este papel em sua forma original, mas é o meu lado meio pop falando.

Lembra quando eu disse que uma das canções acima possuía a letra mais inspirada do disco? E agora Zalivi? Era melhor ter escutado o álbum até o final. A faixa Os olhos do leão não é apenas legal de se escutar, ela embala qualquer festa, mostra como o Cebna é maduro. Letra e instrumental em perfeita sintonia. Aqui a banda apresenta o que há de melhor no seu universo e eleva mais uma vez o nível do álbum.

Para terminar o disco, nada melhor que a belíssima Sacrifício vivo. Esta canção prova que a voz de Hugo Alves é perfeita para baladas doces e fortes, encerrando esta viagem sonora com aquele sentimento de dever cumprido.

Não poderia deixar de dizer que derrubando as ridículas barreiras de rótulos e regras pré-estabelecidas do gênero, Órfãos de pais vivos é um álbum revigorante, cheio de energia. Impossível de se escutar e não ficar com um sorriso nos lábios e uma paz inexplicavelmente contagiante.

Escute o album aqui.

Conheça mais do Cebna aqui.

CEBNA
Bateria: Jefferson Viana
Guitarra e vocal: Hugo Alves
Biaxo: Pedro Carvalho
Vocal e guitarra: Matheus Fraga

4 comentários:

riticafraga disse...

Que não ouviu, ouça; e assim vai se encantar.

Unknown disse...

ficou show d+

Rafaela Guerci disse...

PERFEITA *.* amo a banda !

Anônimo disse...

Muito bom de escutar dirigindo!!!

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