Por Marcello Zalivi
A voz potente, as guitarras pontuais contrapondo peso e
doçura, embalados por uma cozinha muito bem azeitada. O Cebna é a prova de que a música não pode
ser medida por rótulos, mas pela qualidade e força de suas canções.
Confesso que não sabia o que me esperava quando propus o
desafio de escrever uma resenha sobre o álbum “Órfãos de pais vivos” da banda
Cebna. Não havia ainda me enveredado pelo cenário “cristão” do rock. Deixava
por vários momentos me levar por (pré) conceitos que este estilo musical
costuma pregar. Mas depois de assistir a alguns shows do Cebna, percebi que os
rótulos haviam sidos derrubados a marretadas sonoras. Como muros jazidos ao
chão, me permiti separar um tempo da minha vida para escutar o disco e percebi
que “Órfãos de pais vivos” era na verdade um convite para o pensamento, uma
mensagem poderosa e um instrumento capaz de despertar um sentimento de paz
muitas vezes aprisionado.
Poucas bandas conseguem transportar para o CD a mesma energia de seus shows. Talvez por isso o álbum comece com uma letra instigante e um refrão poderoso e alto astral em Super Poderoso Deus. Para depois cair na cadencia calculada entre peso e a mensagem papo reto de Resistência.
Poucas bandas conseguem transportar para o CD a mesma energia de seus shows. Talvez por isso o álbum comece com uma letra instigante e um refrão poderoso e alto astral em Super Poderoso Deus. Para depois cair na cadencia calculada entre peso e a mensagem papo reto de Resistência.
Em Misericórdia, somos tomados por uma inexplicável vontade de voar nos arranjos. Não preciso lembrar que a religião nunca foi o meu forte, mas é impossível não se contagiar com essa melodia. Esta canção se encaixaria em qualquer programação FM, tudo faz sentido, desde o vocal rasgado de Matheus Fraga, a cozinha extremamente alinhada e um arranjo de guitarra simples e contagiante.
Em Armandinho a
mensagem é o grande poder da canção, quem nunca ouviu ou presenciou histórias
de muitos Armandinhos, que tem tudo na vida, menos o que mais importa, que é o
carinho e orientações dos pais. Esses são os verdadeiros órfãos de pais vivos,
o ritmo propositalmente arrastado reforça ainda mais a letra.
É impossível ficar
parado diante do swing de Órfãos de pais
vivos, canção que da nome ao disco. O tom desta música pode parecer bem
messiânico, mas as pernas não param (veja o clipe abaixo).
Depois do almoço é
uma balada irresistível, uma das melodias mais doces e potentes que escutei há
algum tempo no cenário independente. É sem dúvida a letra mais inspirada do
álbum. Destaque para a voz de Hugo Alves, aos backing vocals e a um irresistível
sentimento de nostalgia.
Em Mais que vencedores
o começo da faixa foi a que menos despertou interesse. Mas apesar de não
impactar, o conjunto da obra cumpriu com competência o papel de conferir
unidade ao disco. O meu destaque para esta musica vai para o final, com um
instrumental tão inspirador como o nome da canção.
Pense em uma balada com arranjo poderoso. Escutei Andar na fé e fiquei pensando se as
palavras Jesus e Deus fossem substituídas por um nome de mulher, seria uma
canção certa em qualquer roda de violão e tema para casais apaixonados. Não é
que ele não possa cumprir com este papel em sua forma original, mas é o meu
lado meio pop falando.
Lembra quando eu disse que uma das canções acima possuía a
letra mais inspirada do disco? E agora Zalivi? Era melhor ter escutado o álbum
até o final. A faixa Os olhos do leão
não é apenas legal de se escutar, ela embala qualquer festa, mostra como o
Cebna é maduro. Letra e instrumental em perfeita sintonia. Aqui a banda
apresenta o que há de melhor no seu universo e eleva mais uma vez o nível do
álbum.
Para terminar o disco, nada melhor que a belíssima Sacrifício vivo. Esta canção prova que a
voz de Hugo Alves é perfeita para baladas doces e fortes, encerrando esta viagem
sonora com aquele sentimento de dever cumprido.
Não poderia deixar de dizer que derrubando as ridículas
barreiras de rótulos e regras pré-estabelecidas do gênero, Órfãos de pais vivos é um álbum revigorante, cheio de energia. Impossível de se escutar e não ficar com um
sorriso nos lábios e uma paz inexplicavelmente contagiante.
Escute o album aqui.
Conheça mais do Cebna aqui.
Escute o album aqui.
Conheça mais do Cebna aqui.
CEBNA
Bateria: Jefferson Viana
Guitarra e vocal: Hugo Alves
Biaxo: Pedro Carvalho
Vocal e guitarra: Matheus Fraga
4 comentários:
Que não ouviu, ouça; e assim vai se encantar.
ficou show d+
PERFEITA *.* amo a banda !
Muito bom de escutar dirigindo!!!
Postar um comentário